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O Ventre Negro da Tarântula

Grande decepção para mim esse “O ventre Negro da tarântula” (La tarantola dal ventre nero, ITA, 1971). O ritmo é absolutamente arrastado devido não somente ao roteiro um tanto confuso e indeciso, mas sobretudo à direção frouxa e incompetente do Paolo Cavara. A encenação é clamorosamente engessada, mecânica; os atores são fracos; os enquadramentos espantosamente aleatórios, sem senso de composição alguma! No fim, nem a música do mestre Ennio Morricone se salva. Não é uma música inspirada, parece que foi feito “nas coxas”, com completa má vontade, apenas para cumprir o contrato.

Esse belo enquadramento é absoluta e rara exceção no filme.

Se La Tarantola Dal Ventre Nero possui algum mérito esse é o de ter ajudado a estabelecer o Giallo como gênero, pois foi um dos primeiros, antes da enxurrada que se seguiria no desenrolar da década. Evidentemente aqui se encontram o assassino misterioso de sobretudo preto, luvas de borracha, chapéu e lâmina afiada e brilhante em punho estripando suas belas vítimas, e o detetive juntando as pistas para conseguir detê-lo. E, verdade seja dita, o método utilizado pela assassino é bem instigante: ele neutraliza suas vítimas, paralisando-as completamente (mas com a mesma ainda consciente) ao introduzir na última vértebra da coluna cervical um afiada e longa agulha de acupuntura (Para logo a seguir, aí sim, esfaqueá-las). Nas cenas onde o assassino enterra as referidas agulhas nas carnes belas e macias de suas vítimas o êxtase sádico contido no ato parece transpassar a tela e nos atingir. Como se sabe, esse momento máximo dos giallo é o mais esperado pelos admiradores do gênero e ao menos nesse quesito o filme não decepciona.

"La tarantola dal ventre nero" é grande desperdício de material

Porém, o certo é que, fora isso, pouca coisa se sustenta nesse fraco O ventre Negro da Tarântula. Nem enquadrar de forma mais generosa e sugestiva a nudez das sempre belas atrizes italianas Cavara soube. Um cineasta italiano que não sabe filmar um belo corpo feminino? Logo se vê que algo está errado! Sua abordagem nessas respectivas cenas é tão burocrática quanto tímida. Pra não dizer tão apática e desinteressada quanto o automático e inexpressivo detetive que comanda a investigação dos crimes. E como gota dágua imperdoável, que faz esgotar nossa (até determinado ponto) boa vontade com a obra, é praticamente impossível não perceber lá pela metade do filme (senão antes) quem é o assassino. Aí, meus irmãos, já é demais, né!

Tão desanimador é o filme quanto a cara do nosso herói nesse quadro.

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  1. 22/03/2010 às 17:48

    esse eu não vi ainda, mas você destruiu o filme… porém, como voce também detonou o Profondo Rosso, é capaz que eu assista O Ventre Negro da Tarântula e ache um filmão, hehehe

  2. 22/03/2010 às 20:19

    Pode até ser, compañero, mas em vista desse aqui profondo Rosso, de fato, é aula de cinema, nem dá pra comparar!

  3. 23/03/2010 às 05:44

    Hehe, peguei esse aí todo empolgado também quando táva começando a me interessar por horror italiano. É uma bosta de filme.

  4. 23/03/2010 às 11:20

    Certamente, Luis. Acho os “gialli”, com os elementos que contém, um prato cheio para um ótimo exercício de cinema, pois tem potencial para se abarcar, no mínimo, o mistério, o terror, o erotismo, o suspense e o drama. Quem atreve a se aventurar pelo gênero e estraga o filme é sinal de que NÃO dá pra coisa. Infelizemente esse aqui é um exemplar perfeito desse equívoco e inabilidade totais no manejo dos ingredientes que caracterizam o gênero. Mas, vale como curiosidade histórica para os admiradores do cinema italiano da época, pelo menos isso, rs!

  5. 23/03/2010 às 19:43

    Eu simplesmente adoro esse filme! Gosto do clima dele… sabe como é, cinema, como qualquer outra expressão artística, é pura subjeção!

  6. 23/03/2010 às 20:57

    Entendo, Blob! Pra mim é uma questão de parâmetros. Só que, não sei se você concorda, mas na comparação com vários exemplares dos próprios giallis esse se configura fraco em matérias como roteiro, direção e atuação. Mas sei da importância histórica dele e concordo contigo que a apreciação de qualquer arte tem muito mais a ver com a ressonância que a mesma proporciona dentro de cada um de nós.

  7. Victor Ramos
    04/05/2011 às 20:23

    Discordo. Um filme bem feito. Original e com diversos pontos fortes e dignos de antologia.
    A revelação do assassino é genial, cá entre nós… O que estragou (um pouco) msm a surpresa foi o trailer feito para o relançamento em DVD (da Blueground) e os screenshots que ficam atrás da capa do DVD nacional, pois ambos revelam um grande spoiler. De todo modo, a ”camuflagem” do assassino é genial.
    O detetive é exemplo de cinema independente (parcialmente), pois é diferente de outros giallis (ou filmes de suspense policial em geral) que possuem aquele tipo de mocinho esperto a lá Hercule Poirot. Uma das frases finais o diferenciam de outros filmes do gênero: ”Não quero mais isto para mim…”.

  8. Victor Ramos
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