Centenário do Imperador do Cinema
Hoje o Magnífico Akira Kurosawa faria 100 anos de idade. Contudo, viveu o bastante (88 anos) para brindar a humanidade com algumas das mais belas e inesquecíveis imagens que o cinema já produziu em todos os tempos.
É difícil apontar o maior filme dentre sua extensa filmografia, mas sem dúvida após Rashomon raramente o mestre errou a mão.
Fez possivelmente um dos 10 maiores filmes de todos os tempos (Os sete samurais, 1954). E o que seria do Western-Spaghetti sem Yojimbo? Quer dizer, não seria, né? Pois Yojimbo inspirou dos pés à cabeça o igualmente genial Leone para conceber o que, todos sabemos, foi a pedra fundamental de todo esse sub-gênero subversivo (Por um punhado de dólares, 1964).
E existe algum filme mais dolorosamente belo e trágico do que Ran? Se tiver me digam. Então, palmas para o mestre!
Um monstro sem dúvida, que perderia talvez apenas para um tal Masaki Kobayashi em termos de cinema clássico oriental (mas é uma opinião muito pessoal).
Do que vi só não gostei de Kagemusha, mas de resto tem muita op. E que imagens sensacionais você escolheu, ele era perito com esse tipo de coisa (impactar com um simples frame e tal).
Sem contar que “Os Sete Samurais” teve grande importância para o western também, tanto para o cinema yankee quanto para a sua versão carcamana (taí os “Sete Homens e um Destino”…). Os filmes de samurai de Kurosawa eram inspirados nos westerns de John Ford (daí pode-se dizer que o Toshiro Mifune era o seu John Wayne! Só que amoral, cínico e violento, como você mesmo salientou…), o interessante é que esses filmes inspirados nos westerns acabariam influenciando mais westerns! Um caso curioso do que chamam de retroantropofagismo! Coisa que, aposto, nossos cineastas do cinema novo deviam delirantemente sonhar em segredo (que seus arremedos de fórmulas europeias influenciassem o cinema europeu…). Bom, para terminar, recentemente realizei um antigo desejo: assisti o Sanjuro!!! Abraços.
Isso porque o ambiente em que se desenrolam ambas as tramas tem muito em comum, caro Blob! Territórios inóspitos, um tanto selvagens, primitivos. Onde um código de moral e de conduta muito particular e restrito é que regem as relações entre os indivíduos, e a violência quando explode de fato favorece os mais hábeis e perspicazes. Realmente os Sete Samurais é um autêntico western, somente com uma roupagem e armas diferentes. Acho formidável esse ‘retroantropofagismo’ referido por voce, aliás, sem ele, como todo mundo sabe, não haveriam os formidáveis western-spaghetti e muito mais coisas de outros gêneros… A propósito, Sanjuro é ‘continuação’ de Yojimbo, não? (pergunto pois ainda não vi, mas pela sinpose desconfiei. o filme é tão bom quanto Yojimbo? já ouvi opiniões de que é superior até!)
De fato, Caiolefou… Kobayashi é outro grande esteta! Porém, a diferença dele para o Kurosawa é que essse tem muito mais obras-primas do que aquele. E pessoalmente prefiro o Akira pelo simples motivo de que suas obras aliam de forma única a verve clássica, às vezes erudita (dos enredos e tramas), com uma roupagem “popular”, no que diz respeito ao ritmo e fluência ao se conceber os filmes. Acho isso fabuloso em cinema. Acho inclusive que é nisso, nesse capacidade de conciliação entre o clássico e o popular (que faz um filme ser amplamente acessível), que reside o gênio de todo grande artista. E, sim, é inegável que certos fotogramas do Kurosawa valem pelo filme todo.
Sanjuro conta uma nova aventura do personagem de Mifune em Yojimbo. Na minha opinião NÃO é tão bom quanto o primeiro, mas é um grande filme sem dúvida…